UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE MATEMÁTICA
Unidade II
SISTEMAS LINEARES
0011 0010
1
452
Introdução
0011 0010
1
452
A resolução de sistemas lineares pode surgir em diversas áreas do
conhecimento.
O caso geral, em que o sistema linear envolve m equações com n
incógnitas, o sistema pode apresentar uma única solução, infinitas
soluções ou não admitir solução.
Neste capítulo vamos analisar esquemas numéricos para soluções de
sistemas lineares de n equações com n incógnitas, supondo que
este tenha uma única solução:
a11x1 a12 x2 a13 x3 ... a1n xn b1
a x a x a x .... a x b
21 1 22 2
23 3
2n n
2
an1 x1 an 2 x2 an3 x3 ... ann xn bn
0011 0010
1
452
O sistema é representado por A x = b
onde aij são os coeficientes, xj são as incógnitas e os bj são os
termos independentes.
Os métodos de resolução de equações lineares são
classificados em:
Métodos Diretos - fornecem a solução exata de um
sistema linear, a menos dos erros de máquina, através da
realização de um número finito de operações.
Métodos Iterativos – fornecem uma seqüência de
aproximações para a solução X a partir de uma solução inicial
X(0).
0011 0010
1
452
Métodos Iterativos
0011 0010
1
452
Métodos Iterativos
Vamos considerar um sistema linear AX = b, onde:
A: matriz de coeficientes, n x n;
X =(x1, x2, ..., xn)t: vetor de variáveis, n x 1
b: vetor independente, n x 1 (constantes)
Tal sistema linear pode ser escrito na forma equivalente:
X = CX + d
onde:
C: matriz com dimensões n x n;
d: vetor com dimensões n x 1;
0011 0010
1
452
Partindo de um vetor X(0) (vetor aproximação inicial), constrói-se
uma seqüência iterativa de vetores:
X(1) = CX(0) + d
Primeira aproximação
X(2) = CX(1) + d
Segunda aproximação
De um modo geral, a aproximação X(k+1) é dada por:
X ( k 1) CX ( k ) d
k = 0, 1, 2, ...
OBSERVAÇÃO: k é chamado de índice de iteração.
Sendo um processo iterativo, necessitamos de um critério de
parada. E para isto temos que ter uma medida entre as
aproximações X(k+1) e X(k). Para isto vamos usar o conceito de
norma de matrizes.
0011 0010
1
452
Definição:
Uma norma em R nm é uma aplicação
satisfaz as seguintes propriedades:
: R nm R que
P.1- A 0 e A 0 A 0, A R nm
P.2 - A A , R ; A R nm
P.3 - A B A B , A, B R nm
As normas matriciais mais usadas são:
n
A 1 max aij
1 j m
i 1
m
A max aij
1i m
j 1
Norma coluna
Norma linha
1/ 2
0011 0010
n m
2
A 2 aij
i 1 j 1
Norma Euclidiana
1
452
Além disso, as normas
seguintes propriedades:
1,
2
e
satisfazem as
P.4 - AX A X
P.5 - AB A B
A norma vetorial pode ser vista como um caso particular da norma
n
matricial, onde um vetor X R é equivalente a uma matriz de
ordem n 1.Com isto temos as normas de vetores dadas por:
n
X 1 Xi
Norma 1 (norma coluna)
i 1
X
max X i
2
0011 0010
1/ 2
2
Xi
i 1
n
X
Norma infinita (norma linha)
1i n
Norma Euclidiana
1
452
O conceito de norma nos permite definir convergência de uma
seqüência de vetores {Xk}. Dizemos que X(k)→X se
lim X ( k ) X 0
k
onde X é a solução do sistema linear.
0011 0010
1
452
Com isto podemos definir os critérios de parada: Dado um e > 0
X ( k 1) X ( k ) e
X ( k 1) X ( k )
|| X
( k 1)
||
b AX ( k ) e
k k max
0011 0010
e
Erro Absoluto
Erro Relativo
Teste do Resíduo
Número máximo de iterações
1
452
Critério de convergência
0011 0010
1
452
Critério de convergência
Seja ║.║ uma norma qualquer de matriz. Se ║C║<1 o processo
iterativo X(k+1)=CX(k)+d fornecerá uma seqüência {X(k)} convergente
para a solução do sistema AX = b.
Demonstração:
Seja X solução do sistema. Então: X = CX + d.
Subtraindo membro a membro de X = CX + d e X(k+1)=CX(k)+d tem-se:
X ( k 1) X CX ( K ) d CX d
X
( k 1)
X C X (k ) X
Sendo o erro em cada iteração dado por e(k) =X(k) – X e usando as
propriedades de norma AB A B
0011 0010
segue que:
1
452
e ( k 1) C e ( k )
C
2
e ( k 1)
C
k 1
e(0)
Logo a seqüência {X(k)} converge para a solução do sistema X se
lim e( k 1) lim C
k
k 1
e( 0) 0, e isto ocorre se a matriz C satisfaz a
k
condição C 1.
Quanto menor || C || mais rápido a convergência do
processo.
0011 0010
1
452
Método iterativo de
Gauss-Jacobi
0011 0010
1
452
Seja o sistema linear:
a11x1 a12 x2 a13 x3 ... a1n xn b1
a x a x a x .... a x b
21 1 22 2 23 3
2n n
2
an1 x1 an 2 x2 an3 x3 ... ann xn bn
Supondo aii 0, i 1, 2,..., n, isole a coordenada xi do vetor X,
na i-ésima equação, da seguinte forma:
1
x1 a (b1 a12 x2 a13 x3 ... a1n xn )
11
1
x
(b2 a21 x1 a23 x3 ... a2 n xn )
2
a22
1
x
n a (bn an1 x1 an 2 x2 ... ann1 xn 1 )
nn
0011 0010
1
452
Desta forma, tem-se o sistema equivalente X = CX + d, onde
a / a
21 22
C a31 / a33
an1 / ann
a12 / a11
a32 / a33
an 2 / ann
b1 / a11
a13 / a11 a1n / a11
b2 / a22
a23 / a22 a2 n / a22
a3n / a33 e d b3 / a33
b
/
a
an3 / ann
n nn
Dada uma aproximação inicial: X(0)
o Método de G.Jacobi consiste em obter seqüência: X(1), X(2),...,
X(k)
através da relação recursiva: X(k+1)=CX(k)+d.
0011 0010
1
452
Assim,
( k 1) 1
(k )
(k )
(k )
x
(
b
a
x
a
x
...
a
x
)
1
1
12
2
13
3
1
n
n
a11
1
( k 1)
(k )
(k )
(k )
x
(
b
a
x
a
x
...
a
x
2
2
21 1
23 3
2n n )
a
22
1
( k 1)
(k )
(k )
(k )
x
(
b
a
x
a
x
...
a
x
n
n1 1
n2 2
nn1 n 1 )
n
ann
Observe que o processo iterativo utiliza somente estimativas
da iteração anterior.
0011 0010
1
452
Método iterativo de
Gauss-Seidel
0011 0010
1
452
Observando as equações de iteração no método de Jacobi ou seja
(k1) 1
(k )
(k )
(k )
x
(
b
a
x
a
x
...
a
x
)
1
1
12
2
13
3
1
n
n
a11
1
( k 1)
(k )
(k )
(k )
x
(
b
a
x
a
x
...
a
x
2
2
21 1
23 3
2n n )
a22
1
( k 1)
(k )
(k )
(k )
x
(
b
a
x
a
x
...
a
x
n
n1 1
n2 2
nn1 n 1 )
n
ann
nota-se que na iteração de ordem (k+1) são usadas as
componentes xj(k) da iteração anterior.
0011 0010
1
452
No
Método
de
Gauss-Seidel
para
calcular
a
componente xj da iteração (k+1), utiliza-se as componentes já
atualizadas x1(k+1), x2(k+1), ..., xj-1(k+1) e as componentes ainda não
atualizadas da iteração anterior xj+1(k), xj+2(k), ..., xn(k).
x1(k+1)= 1
a
x2(k+1)= 1
a
x3(k+1)= 1
a
.
..
x (k+1)= 1
n
(k+1)
a
(b1 - a12 x2 (k) - a13 x3 (k) - a13 x3 (k) - ... - a1n xn (k)
11
(b2 - a21 x1 (k+1) - a23 x3 (k) – a24 x4 (k) - ... - a2n xn (k)
22
(b3 - a31 x1(k+1) - a32 x2 (k+1) – a34x4 (k) - ... - a3n xn (k)
33
nn
0011 0010
(bn - an1 x1(k+1) - an2 x2 (k+1) – an3x4 (k+1) - ... - ann-1 xn-1
1
452
Interpretação Geométrica do Método de Gauss-Seidel
Considere o sistema linear 2x2 dado pelas equações abaixo e
geometricamente representados pela retas r1 e r2.
y
r1 : a1 x1 b1 x2 c1
r2 : a2 x1 b2 x2 c2
r2
r1
x
Temos:
r1 : a1 x1 b1 x2 c1
r1 : x1 (c1 b1 x2 ) / a1
r2 : a2 x1 b2 x2 c2 r2 : x2 (c2 b2 x2 ) / a2
0011 0010
1
452
y
( x11 , x12 )
r2
r1
0,
0)
Inicie no ponto (x1 x2 = (0,0).
( x10 , x20 )
( x11 , x20 )
x
Para determinar (x11, x20), substitua na reta r1 o valor x20, ou seja mova ao
longo da reta horizontal iniciando no ponto (0, 0) até encontrar a reta r2.
O próximo ponto (x11, x21), é determinado movendo-se ao longo de uma reta
vertical iniciando no ponto (x11, x20) até encontrar a reta r1.
1
452
Continuando desde modo, aproxima-se sucessivamente da solução do
sistema, no caso da seqüência ser convergente.
0011 0010
y
r2
( x11 , x12 )
3
1
2
1
1
2
(x , x )
3
2
(x , x )
( x13 , x22 )
r1
( x12 , x22 )
0
1
0
2
(x , x )
0011 0010
1
1
0
2
(x , x )
x
1
452
Critério de Sassenfeld
0011 0010
1
452
Seja o sistema linear
a11x1 a12 x2 a13 x3 ... a1n xn b1
a x a x a x .... a x b
21 1 22 2
23 3
2n n
2
an1 x1 an 2 x2 an3 x3 ... ann xn bn
definindo:
1
j
a12 a13 a14 ....... a1n
a11
a j1 1 a j 2 2 .............. a jj 1 j 1 a jj 1 ...... . a jn
para j = 2, 3, ..., n.
0011 0010
e
a jj
1
452
Define-se
max j
1 j n
Se β<1, então o Método de Gauss-Seidel gera uma
seqüência convergente para a solução do sistema, qualquer que seja
o vetor inicial. Além disso, quanto menor for o valor de β mais rápida
é a convergência.
0011 0010
1
452
Métodos diretos
0011 0010
1
452
Os Métodos Diretos são aqueles que após um número finito
de operações fornecem a solução exata do sistema, a menos dos
erros de arredondamentos.
Definição:
Dois sistemas lineares são equivalentes se estes tem a
mesma solução.
Podemos obter um sistema equivalente ao dado, efetuando
as seguintes operações elementares:
Trocar duas equações;
multiplicar uma equação por uma constante;
1
452
somar uma equação a outra multiplicada por uma constante;
0011 0010
Sistema Triangular Superior
Denomina-se sistema triangular superior a todo sistema
Ax =b em que aij = 0, para j < i.
a11x1 a12 x2 a13 x3 ... a1n xn b1
a22 x2 a23 x3 .... a2 n xn b2
a33 x3 .... a3n xn b3
ann xn bn
0011 0010
1
452
Método de Eliminação
de Gauss
0011 0010
1
452
O Método de Eliminação de Gauss consiste em transformar um
sistema linear Ax= b em um sistema triangular superior equivalente.
Considere o sistema linear:
a11x1 a12 x2 a13 x3 ... a1n xn b1
a x a x a x .... a x b
21 1 22 2
23 3
2n n
2
an1 x1 an 2 x2 an3 x3 ... ann xn bn
onde det(A) ≠ 0, isto é, o sistema admite uma única solução.
0011 0010
1
452
O sistema linear pode ser representado na forma de matriz
estendida [A0 | b0 ], ou seja:
a11( 0 )
(0)
a 21
(0)
a n1
a12( 0 )
a (220 )
a (n02 )
a1(n0 )
a (20n )
a (nn0 )
b1( 0 )
(0)
b2
bn
onde o índice superior indica a etapa do processo.
Etapa 1
Eliminar a incógnita x1 das equações k = 2, 3, ..., n. Sendo a11(0) ≠0,
subtraímos da linha k a primeira linha multiplicada por:
0011 0010
(0)
k1
(0)
11
a
mk1
a
1
452
Os elementos mk1 são chamados de multiplicadores e o
elemento a11(0) é chamado de pivô da Etapa 1. Indicando a linha k da
matriz por Lk(0), esta etapa se resume em:
L1(1) L1( 0)
L(k1) L(k0) mk1L1( 0) , k 2, 3, ..., n
Ao final desta etapa tem-se:
a 11(1) a 12(1) a 13(1)
(1)
(1)
a
a
22
23
a (321) a (331)
(1)
a
n2
a 1(1n )
a (21n)
a (31n)
a (nn1)
b1(1)
b2(1)
b3(1)
bn(1)
1
452
que representa um sistema linear equivalente ao sistema original,
onde a incógnita x1 foi eliminada das equações k = 2, 3,..., n.
0011 0010
Etapa 2
Eliminar a incógnita x2 das equações k = 3, 4, ..., n. Supondo que
a22(1) ≠ 0,vamos tomar este elemento como pivô desta etapa e desta
forma os multiplicadores são dados por
mk 2
ak( 12 )
(1)
a22
A eliminação segue com as seguintes operações sobre as linhas:
L1( 2) L1(1)
L(22) L(21)
L(k2) L(k1) mk 2 L(21) , k 3, 4, ..., n
0011 0010
1
452
obtendo ao final da etapa a matriz
a 11( 2 )
a 12( 2 )
a (222 )
a 13( 2 ) a 1(n2 )
a (232 ) a (22n )
a (332 ) a (32n )
a (n23 ) a (nn2 )
b1( 2 )
b2( 2 )
b3( 2 )
bn( 2 )
Com procedimentos análogos ao das etapas 1 e 2 elimina-se as
incógnitas xk das equações k + 1, k + 2, ..., n e ao final de n -1 etapas
tem-se a matriz:
0011 0010
1
452
a 11( n 1)
a 12( n 1)
a (22n 1)
a 13( n 1) a1(nn 1)
a (23n 1) a (2nn 1)
a (33n 1) a (3nn 1)
a (nnn 1)
b1( n 1)
( n 1)
b2
b3( n 1)
bn( n 1)
Esta matriz representa um sistema triangular superior equivalente
ao sistema original. Logo a solução deste sistema, obtido pela
Retro-Solução (substituição regressiva), é solução do sistema
original.
0011 0010
1
452
Assim,
( n 1)
n
( n 1)
nn
b
xn
a
bn( n11) an( n11) xn
xn 1
an( n11n)1
n
1
( n 1)
xi bi aij x j
aii
j i 1
0011 0010
1
452
Pivotamento Parcial
0011 0010
1
452
Em cada etapa k da eliminação temos o cálculo do multiplicador
mkj
akj( k 1)
akk( k 1)
Se o pivô |akk(k-1)| << 1, ou seja, próximo de zero, os erros de
arredondamento se tornam significativos, pois operar números de
grandezas muito diferentes aumenta os erros.
A estratégia de pivotamento parcial é baseada na operação
elementar: Trocar duas equações.
No início de cada etapa k escolhemos como pivô o elemento de
maior módulo entre os coeficientes akk(k-1) para i = k, k + 1, ..., n.
0011 0010
1
452
Inversão de matrizes
pelo método de Gauss
0011 0010
1
452
Vamos supor que desejamos resolver os sistemas
lineares Ax = b1, Ax = b2, Ax = bk, onde a matriz A é a mesma para
todos os sistemas. A matriz triangular superior, resultante do
processo de eliminação, não depende do vetor b e portanto será
a mesma em qualquer um dos sistemas.
Assim podemos resolver estes sistemas num único
processo de eliminação usando a matriz estendida (A |b1|b2|...| bk)
e aplicando a Retro-Solução para cada vetor bk.
0011 0010
1
452
O Cálculo da inversa de uma matriz é um caso particular do
esquema acima. A inversa de uma matriz ARnxn, denotada por A-1,
é uma matriz nxn tal que
AA-1 = I
Como exemplo vamos considerar uma matriz A de dimensão 3 3
a11 a12
a21 a22
a
31 a32
a13
a23
a33
cuja a inversa A-1 é dada por
x11
x21
x
31
0011 0010
x12
x22
x32
x13
x23
x33
1
452
Logo tem-se:
a11 a12
a21 a22
a
31 a32
0011 0010
a13 x11
a23 x21
a33 x31
x12
x22
x32
x13 1 0 0
x23 0 1 0
x33 0 0 1
1
452
Portanto cada coluna k da inversa da matriz A é solução de
um sistema linear, onde o vetor dos termos independentes é a
k-ésima coluna da matriz identidade, isto é
a11 a12
a21 a22
a
31 a32
a13 x11 1
a23 x21 0
a33 x31 0
a11 a12
a21 a22
a
31 a32
a13 x12 0
a23 x22 1
a33 x32 0
a11 a12
a21 a22
a
31 a32
a13 x31 0
a23 x23 0
a33 x33 1
0011 0010
1
452
Portanto, se temos uma matriz nxn, podemos achar a
inversa resolvendo n sistemas lineares, representados pela matriz
estendida (A | b1| b2 | ... | bk) , onde os vetores bk são os vetores
unitários ( 1 na posição k e zeros nas demais posições).
0011 0010
1
452