SAÚDE
DÊ UM
BASTA NA
SINUSITE
Ela pega carona nas gripes de inverno
e atrapalha a vida das crianças,
provocando mais tosse, febre e nariz
entupido. Conheça as principais causas e
alguns truques para aliviar o mal-estar
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Reportagem Juliana Duarte
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O QUE É?
QUAIS SÃO OS TIPOS?
Trata-se de uma inflamação da mucosa que
envolve os seios da face, que são as cavidades
ósseas localizadas ao redor do nariz, das
maçãs do rosto e dos olhos. Há um fluxo
contínuo de secreção ali, que ajuda a eliminar
organismos estranhos, causadores de possíveis
problemas para o corpo. Quando esse processo
é interrompido – por alterações anatômicas,
infecções e alergias, por exemplo –, vírus,
bactérias ou fungos conseguem se concentrar
no local e se multiplicar com maior facilidade. O
resultado? Sinusite à vista (ou rinossinusite, como
preferem os especialistas).
Como a mucosa reveste os seios da face por completo, a inflamação se
manifesta em diversos pontos. Pode ser frontal (na testa), maxilar (maçãs
do rosto), etmoidal (entre o globo ocular e o nariz), esfenoidal (lateral ou
no vértice da cabeça) ou pansinusite, que compromete todas as cavidades.
Na hora de tratar, no entanto, o mais importante é saber o agente causador.
Uma sinusite disparada por vírus evolui como uma gripe e melhora em
aproximadamente uma semana. Quando o gatilho são as bactérias, ela
pode ser classificada como aguda, com sintomas que duram até 14 dias, ou
crônica, quando a crise persiste por mais tempo. Os tipos viral e bacteriano
agudo são os mais recorrentes durante a infância. Há ainda a possibilidade
de uma inflamação por fungos, mais frequente em adolescentes e adultos
– ela pode causar complicações e, em alguns casos, exige intervenção
cirúrgica para desobstruir a cavidade nasal.
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS SINTOMAS?
Nas crianças, a tosse é o preponderante. Em geral, ocorre com intensidade pela manhã e fica mais discreta ao longo do dia. Quadros de febre,
dores musculares, coriza, obstrução nasal e perda de apetite também caracterizam o problema. Já a dor de cabeça, apesar de ser um sinal
marcante em adultos, não se manifesta na infância. O principal motivo é o fato de os seios da face ainda estarem em desenvolvimento.
É COMUM NA INFÂNCIA?
Sim, principalmente por causa da imaturidade imunológica e de fatores ambientais
que facilitam a transmissão de micro-organismos. É por isso que costuma surgir
quando o bebê já completou 6 meses de vida, depois de entrar em berçários,
creches e escolas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pedagogia (SBP), as
crianças podem apresentar mais do que cinco episódios ao ano. Na maioria das
vezes, o estopim são gripes e resfriados.
CRIANÇAS ALÉRGICAS ESTÃO MAIS
PROPENSAS À INFLAMAÇÃO?
Sim, a propensão é maior. A conta é simples: os processos alérgicos provocam
inflamações das mucosas e funcionam como um abre-alas para os causadores da
sinusite. Além disso, o nariz costuma ficar mais inchado, o que prejudica a eliminação
de secreções e favorece a ação dos agentes infecciosos.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
A avaliação é clínica e, nas crianças, não há necessidade de exames de imagem. O
médico investiga o histórico e verifica quando começaram os sintomas. Diferenciar
as causas é difícil, mas algumas pistas ajudam. Por exemplo, na sinusite viral costuma
haver febre baixa, fluido nasal grosso, tosse e dor de garganta. Na bacteriana, a febre é
alta (39°C), o nariz fica entupido e a secreção tem cor amarelada ou mais escura.
COMO
IDENTIFICAR OS
CASOS DE SINUSITE
CRÔNICA?
Os sintomas duram mais de 12
semanas. Mas, para a tranquilidade das
mães, a sinusite crônica não é comum
na infância. Quando acontece,
certamente o diagnóstico está
relacionado a alergias, aspectos físicos
como desvios de septo e a fatores
como refluxo ou fibrose cística (uma
doença genética que afeta os
aparelhos digestivo e respiratório e as
glândulas sudoríparas). Essas
alterações anatômicas podem
dificultar a drenagem das secreções e
abrir uma porta para vírus, bactérias e
fungos que causam a sinusite. É
fundamental tratar primeiro a doença
por trás do problema. Procure um
pediatra. A orientação de um
profissional é importante para
confirmar o diagnóstico e realizar o
tratamento mais adequado.
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SAÚDE
O QUE PODE DISPARAR
UMA CRISE?
Uma das principais causas é a gripe comum, que baixa
a guarda do organismo e abre caminho para bactérias.
Já ambientes com ar-condicionado ou clima muito
seco ajudam a disseminar fungos que se alojam nos
seios da face. Outro agravante são os ambientes com
excesso de pó. A poeira provoca alergias, o que causa
inchaços no nariz e favorece o acúmulo de secreções.
COMO É FEITO O
TRATAMENTO?
A sinusite viral é tratada como uma gripe, com
analgésicos e descongestionantes que controlam
os sintomas. Assim como outras infecções virais, a
tendência é melhorar em até dez dias. Já as bacterianas
requerem antibióticos receitados pelo pediatra. O
mesmo tipo de remédio é indicado em casos crônicos,
tratamento muitas vezes complementado com
descongestionantes, expectorantes e corticoides
tópicos. Eles são administrados durante três semanas,
no mínimo. Para a sinusite fúngica, o tratamento pode
ser cirúrgico ou medicamentoso.
E NO DIA A DIA, O QUE
PODE CONTRIBUIR PARA
EVITAR O PROBLEMA?
Desligar o ar-condicionado e fugir de ambientes muito
secos é uma maneira de contornar possíveis gatilhos.
Mas o maior segredo é a hidratação. A água tem papel
decisivo quando o assunto é sinusite, pois umidifica
e diliui as secreções. Assim, elas são eliminadas
com mais facilidade. Como referência, bebês de
7 a 12 meses devem beber 800 ml de líquidos por
dia (incluindo o leite materno). Entre 1 e 3 anos, são
900 ml. Dos 4 aos 8, a ingestão deve ser de 1,2 litro.
Nas épocas mais secas e frias, fazer a lavagem nasal
diariamente é uma boa alternativa para prevenir
a doença (veja ao lado). Outra dica é a inalação a
vapor, que faz uma limpeza completa das vias aéreas.
O ressecamento do nariz favorece o acúmulo de
impurezas e facilita a proliferação de bactérias.
HÁ ALGO QUE POSSA SER FEITO
EM CASA PARA ALIVIAR OS
SINTOMAS?
Como as principais manifestações são nariz entupido e tosse, a
lavagem nasal é uma boa saída. Com um conta-gotas, despeje três
gotinhas de soro fisiológico em cada narina. Nesse momento, o truque
é inclinar a cabeça da criança um pouco para trás, para garantir que a
solução penetre no nariz. O procedimento pode ser feito até três vezes
ao dia. Assim, as vias aéreas ficam livres e seu filho respira aliviado.
A ALIMENTAÇÃO AJUDA A
PREVENIR A SINUSITE?
Com certeza. Alimentos ricos em vitamina C, como laranja e acerola,
são ótimas opções para fortalecer o sistema imunológico. Tomar
chás quentes e comer abacaxi, fruta que tem propriedades
expectorantes, pode amenizar os sintomas.
Fontes: Berenice Dias Ramos, presidente do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP); Eduardo Costa de Freitas Silva, mestre em Imunologia Clínica pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ); e Renata Di Francesco, diretora da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (Aborl-CCF) e presidente da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (Abop).
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